domingo, 30 de outubro de 2011

Tocadores mantêm viva arte da rabeca

Instrumento de origem popular, a rabeca ainda é tocada por muitos músicos em Municípios do interior nordestino.
Baixio. A arte musical popular ainda resiste à força e aos modismos da indústria cultural. O Ceará conta com cerca de 100 tocadores de rabeca espalhados em 45 Municípios, no sertão e nas serras. A maioria acima de 60 anos de idade. Um exemplo vem desta cidade, localizada na região sudeste do Estado, divisa com a Paraíba, onde o barbeiro e músico, Francisco Cassiano Nazário, o Chico Barbeiro, mantém viva a tradição nordestina. Mas será que as novas gerações estão dispostas a continuar o ofício dos músicos já velhos e que quase não tocam mais para o público em suas cidades no Interior?

"Acredito que sim, a rabeca será preservada e terá continuidade com músicos jovens", prevê o professor e pesquisador, Gilmar de Carvalho, que no período de 2004 a 2006 realizou ampla pesquisa e visitou mais de uma centena de rabequeiros no Interior do Ceará. Já Chico Barbeiro prevê uma diminuição do ofício musical. "A sanfona ocupa mais espaço e eu penso que vai diminuir muito quando os rabequeiros atuais forem embora, mas acabar mesmo, não acaba não".


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Barbeiro e músico, o Chico Barbeiro, mantém viva a tradição nordestina. Em 2007, teve uma inspiração por meio de um sonho de fazer uma rabeca usando cano PVC
Conhecido na pequena cidade de Baixio, Chico Barbeiro, aos 67 anos, permanece tocando, animando festas juninas, festas sociais da terceira idade e eventos culturais no Município. O repertório é quase exclusivo do forró pé-de-serra de Luiz Gonzaga. Inclui-se o xote, baião e o arrasta-pé. "Aprendi a tocar de ouvido, nunca estudei e ninguém me ensinou nada", disse. "É o dom que Deus me deu e quando eu toco me sinto bem e feliz, porque gosto de música e me renovo mais cinco anos".

A rabeca somente passou a fazer parte da vida artística de Chico Barbeiro em meados da década de 1970, quando comprou uma usada de Manoel Vieira, de Umari, que ele conhecia desde menino.

"Por aqui só tinha ele que tocava rabeca. Era um mestre". O instrumento estava quebrado e Chico Barbeiro fez o conserto. Logo aprendeu a manipular o arco e definir a posição dos dedos nas cordas. Tornou-se um mestre rabequeiro.
Fonte: Diário do Nordeste

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